Título: Peter Pan
Autor: J.M. Barrie
Editora: Zahar
Número de páginas: 253
Sinopse: Peter Pan transporta crianças e adultos pra um mundo mágico, povoado pela família Darling e pelos habitantes da Terra do Nunca - Peter Pan, os meninos perdidos, Sininho, o Capitão Gancho e seus piratas...
Eu nunca tinha lido Peter Pan. Eu sei, uma leitura indispensável, mas que eu nunca tinha feito e, hoje, fiquei muito feliz por realizá-la. Ainda tinha na cabeça a ideia do desenho de Peter Pan da Disney e foi bom ver que a história me oferece muito mais.
Como todos sabem, Peter Pan, do autor J.M. Barrie é um grande clássico infantil. Poderia até ser considerado um grande clássico mundial. É tão cheio de coisas a se ensinar, que já começa nos dizendo que o início do nosso fim é aos 2 anos, pois é a idade que descobriremos que um dia deixaremos de ser crianças e passaremos a ser adultos. E, apesar de muitos dizerem que não veem a hora de serem adultos, a verdade é que no fundo ninguém quer deixar de ser criança.
Peter é a representação desse sentimento, dessa
vontade de nunca perder a alegria, a vivacidade, a esperança, os sonhos de
criança. E a partir da história dele, muitas pessoas conseguem enxergar como é
bom e necessário viver essa fase da vida.
O que tenho para falar primeiro é da construção da
família. Um homem preocupado com as finanças, uma mulher que consegue viver
adequadamente naquela sociedade, três filhos programados e estudados para
existirem, sendo usado até termos engraçados para mostrar suas chegadas, uma
necessidade de prestar contas a sociedade, inclusive tendo uma babá – mesmo que
esta seja a cadela Naná – já que todos têm um babá.
Sobre a Naná, é engraçada sua construção, pois ao
mesmo tempo em que a gente sabe que é um cachorro, ela traz características e
comportamentos humanos, como pensar e conseguir dar conta dos horários e
necessidades de Miguel, Wendy e João.
Há situações no livro que também merecem destaque
como: a mãe conseguir ver e organizar os pensamentos dos filhos. É como se ela
conseguisse prepará-los para o que estar por vir e, ao mesmo tempo, se prevenir
do que eles sentem e pensam. Outro ponto seria a sombra de Peter conseguir ser
pega, dando a ideia que uma parte nossa pode ser "descolada" e viver
separado, nos mostrando para o mundo. E por último, a questão da inocência das
crianças. Peter Pan não tem noção do que é um beijo e Wendy consegue demonstrar
o que é carinho através de metáforas.
Peter Pan é, inclusive, um personagem complexo, pois
é criança, não sabe separar realidade de ilusão, mas é extremamente prepotente,
mandão, com um espírito de liderança muito forte para uma criança, mas ao mesmo
tempo brincalhão, com alegria, com educação. Ele é muito respeitoso com Wendy
por ser menina, dando valor ao sexo oposto e, no fundo, demonstra muito carinho
por todos que te cercam: Meninos Perdidos, índios, Fadas e Sereias. É a representação
de que as crianças sempre são injustiçadas pelos adultos. Ele também se
esquecia das coisas vivia e das pessoas que conhecia. Uma marca muito clara da
infância. Com o tempo, a gente perde as memórias. E também sempre usava o
presente e nunca o passado.
Algo que para mim foi muito bem elaborado no texto,
foi a questão do Narrador dialogar com o leitor, deixando claro o que estava
por vir. E a todo tempo a gente tem essa proximidade com ele, como se a gente
entrasse mesmo na história, como se estivéssemos em cima de uma nuvem ao lado
do narrador assistindo e comentando todos os fatos. Ele é tão presente, que apesar
de torcer por Peter, ele sempre vê e se coloca na posição do Capitão Gancho
também.
Outra personagem que pode surpreender – ainda mais
as gerações mais novas – é a Sininho. Nos filmes feitos para ela, a fadinha é
sempre muito boa, muito amiga, muito generosa. E de fato é o que esperamos das
Fadas. No entanto, Sininho é ou muito boa ou muito má. Tem ciúmes do Peter
enorme, um ciúmes de homem e mulher, nem parece que é uma criança e um ser
sobrenatural. Isso, a meu ver, mostra que esses sentimentos são construídos em
nós ainda pequenos, na nossa infância.
Aliás, Peter é "o rei da cocada preta",
pois não só Sininho tem esse sentimento por ele, Wendy e a índia Tigrinha
também compartilham desse interesse, paixão e ciúmes. Inclusive, Wendy, por ser
a única menina do bando de Peter, sempre foi vista como mãe dos meninos e até
mesmo do próprio Peter Pan. O mais engraçado é que ao longo da história, o
menino que tem o papel de líder, passa a dividir o papel de filho de Wendy, mas
de pai dos outros meninos, como se ele e a menina, mesmo crianças, fossem um
casal.
O personagem do Capitão Gancho é muito interessante,
pois ele não é de todo mau como aparece nos filmes. Ele tem um lado humano. Tem
medo do crocodilo, não trata mal os outros piratas como esperávamos, tem
motivos para não gostar de Peter, apesar de ser adulto, sempre caía nas
brincadeiras de Peter Pan como "um patinho" e junto com os outros
piratas, queria que Wendy fosse sua mãe como ela era para os meninos. Ele é
mau? Mas tem seus sentimentos divididos também. Acho até que tem um pouco da
representação do que somos hoje. Ninguém é completamente bom, nem completamente
mau, mas muitas vezes escolhemos um lado e Gancho escolheu o de ser vilão.
É importante falar que ele, Gancho, sempre chegava aos
meninos por eles não terem mãe. Como se ficasse claro a falta da família, dos
princípios, das responsabilidades deixam rastros que podem ser encontrados e desvirtuados.
Sobre os Meninos Perdidos, além da obediência quase militar a Peter, mesmo sem
deixar de ser criança, o mais interessante deles é o fato de não lembravam o
passado, mas lembravam de coisas como escrever. Achei interessante porque se
lembravam de letras e números, mas não das pessoas que amavam.
Enfim, é um livro curto, com uma linguagem fácil,
uma família tradicional, mesmo que com suas esquisitices, mas que está em volta
de uma magia única. E o final do livro com essa presença do Peter Pan em muitas
gerações dos Darling mostra como a ideia do livro é manter viva a alegria de
ser criança.
Sobre o Autor:
| Natalia Menezes | Twitter | Todos os posts do autor Amante de futebol, música, filmes e livros, sempre foi apaixonada por histórias, seja lá de qual maneira forem contadas. Ama tanto lidar com o abecedário em forma de frases e parágrafos, que acabou se formando em Letras. |
Já quero ler!!! :)
ResponderExcluirPit, você tem que ler! Aposto que você vai amar!!!
ExcluirAmo tanto Peter Pan! Fico feliz por saber que tb se encantou com o livro. Morro de vontade de comprar essa edição <3
ResponderExcluirCamila, é uma história simples, mas lindaaaaaa! Não tem como não se comover de alguma maneira. E eu adorei essa edição, a capa é linda! Vale a pena ter. Compra!!! <3
Excluir