Conheci
ela na escola. Essa frase não tem nada de romântico e não é para ter mesmo. Eu
já estudava na escola em questão, estávamos na alfabetização e ela veio de
outro colégio. Entrou já com as aulas começadas, o que fez com que a atenção de
toda a turma fosse atraída. Nunca vou me esquecer: a saia azul-marinho
pregueada, a camisa muito branca de botões e a menina mais branquinha que eu já
havia visto. Branca de Neve em pessoa.
A
empatia foi à primeira vista, Pelo menos pra mim.
Fomos
moldando nossa personalidade juntas. Saindo de uma timidez que nos era
semelhante, para irmos construindo nossa identidade pouco a pouco.
Algumas brigas ocorreram na infância/pré-adolescência. Nos deixamos influenciar – e isso é um fato, não uma desculpa. Mas tudo recuperou-se rápido.
Algumas brigas ocorreram na infância/pré-adolescência. Nos deixamos influenciar – e isso é um fato, não uma desculpa. Mas tudo recuperou-se rápido.
Passamos
vários e vários finais de semana juntas. Dançamos: eu, toda torta. Ela, com
todo o molejo de uma carioca nata. Inúmeras tentativas frustradas de me ensinar
a sambar... Não deu, mas ficou na memória: e como foi divertido!
“Exploramos”
o morro detrás da escola, tivemos medo da casa abandonada, da loira do banheiro.
Choramos com o incêndio no prédio da frente dessa
mesma escola.
Juntas
fomos ao Terra Encantada, ao Planeta Xuxa. Por ela, briguei com um Segurança
que dava 30 de mim, e depois pedi delicadamente, fiz chantagem emocional (e deu
certo!!!). Por mim, ela brigou com uma turma inteira de alunos, deu lição de
moral.
Juntas
aprendemos a fazer brigadeiro, vimos uma colega quase rasgar a mão tentando
abrir uma lata de leite condensado pois não tínhamos abridor (ou tínhamos e não
sabíamos usar? Não tínhamos, né? Pelamor.) Aprendemos a fazer macarrão (e jogá-lo na parede para ver se estava no ponto – QUEM INVENTOU ISSO? - imitar os
pratos do RG para fazer em casa, e sempre protegendo a protegendo do fogo por conta do medo...
Dormimos
em um quarto, com UMA cama de solteiro, e um monte de meninas por várias e
várias vezes. O sonho de alguns rapazes, eu diria. Mas a gente só queria mesmo era se
divertir num banho de espuma, chegar em casa molhada dos pés à cabeça, tomar um
banho e comer pipoca com ketchup (ou essa última parte era só eu?).
Ela esteve comigo na primeira vez em que adoeci, e a única foto que consigo gostar desse momento, é a que ela está comigo.
Meu avô me fez Flamenguista, mas foi ela quem me ensinou cada regra do jogo, que me contagiou com sua paixão pelo futebol desde muito, muito novinha. E eu tenho sido uma aluna relapsa, eu sei, mas a paixão tá aqui.
Mesmo
distantes pelos rumos que a vida nos leva, nunca saímos da vida uma da outra.
Por ironia (ou não), escolhemos a Educação como profissão (e isso nem foi sob
influência). Temos o mesmo amor pela Literatura. Já trocamos muitas
confidências. Com o tempo, as cartinhas que escrevíamos para desabafar sobre os
rapazinhos que gostávamos na escola, viraram problemas sérios, grandes... E, mesmo
assim, estamos sempre aqui/ali uma para a outra.
Debatemos
política, feminismo, futebol, educação, amores, desamores, literatura,
amizades, ou qualquer outro tema que nos venha calhar. E se não quisermos
conversar, nosso silêncio basta. Nos conhecemos pelo olhar. Temos nossas piadas
internas. Completamos frases uma da outra, tal qual aqueles casais melosos e
chatos de romance, rs.
Mais
uma vez adoeci. Daquele jeito. Aquele que eu acho que não vai ter jeito. E mais
uma vez ela está comigo. Sempre que pode, mesmo com a vida corrida que tem, louca,
insana de toda semana Rio de Janeiro>Valença>Rio das Flores. Ela vem aos
finais de semana que pode e, a cada vez, deixa um tantão dela aqui.
Sua
energia positiva, sua alegria, sua amizade, sua lealdade, sua fé.
Resolveram
problematizar o texto do Gregório. Não desmereço a problematização, apenas acho
que estão gastando energia em cima de algo em que não possuem conhecimento (no caso, a relação deles).
Existem
várias formas de amor, de amar. Nós
somos amigas, sempre fomos e, não vejo motivo para que isso mude. Lá se vão
quase 25 anos de amizade. (Tá certa essa conta? Nunca sei... Sou MUITO de
Humanas...)
Um
relacionamento termina, o amor pode ficar. O amor que fica, transforma-se.
Gregório
fez de seu espaço na Folha, uma oportunidade para fazer marketing para seu
filme que estava estreando – Junto de Clarice. E aproveitou para dizer um pouco
do que os dois viveram, e como ele tá feliz hoje, mesmo sem ela. Pessoas
problematizaram, viram abuso, viram perseguição, viram muitas coisas. Viram até
um pedido de “volta, Clarice”. Eu,
sinceramente, não vi. Vi alguém em paz por ter tudo concluído.
Como disse em um post de um amigo: Quem garante que Clarice não sabia da coluna? Que ela levou um susto ao ler? Que sentiu-se mal? E blablabla? Só a mesma pode dizer... Ela disse?
Então,
chamem-me de feminista de araque se assim quiserem, mas para mim, foi apenas:
marketing e amor. Amor do que foi, e do que ficou. Espero eu o dia em que as
pessoas entenderão que os relacionamentos acabam, o amor se transforma, outros
relacionamentos se iniciam, o respeito permanece. Respeito, principalmente,
pela história já vivida.
Há
vida após os términos. Há relação social com os ex após términos - se for da
vontade dos dois. E para opinar em algo tão íntimo assim, só conhecendo.
Amores,
são muitos. Muitas formas.
“O
que me dá uma felicidade profunda” é saber que tenho amores de vários tipos.
Inclusive uma Natalia na vida, que é amor-amiga-irmã.
Não existe jeito certo de amar. Se faz bem para as duas partes: é amor!
Este texto é baseado no texto de Gregório Duvivier para a Folha de São Paulo, que foi assunto ontem nas redes sociais e gerou, inclusive, um outro texto, de Rafinha Bastos em sua Fanpage. ( Você pode conferir os textos originais clicando nos links)
Sobre o Autor:
![]() | | Eliza Alvernaz | Twitter - Skoob | Todos os posts do autor Pedagoga, especialista em Supervisão Escolar e Gestão de Ensino. Leitora compulsiva, libriana desastrada, apaixonada por filmes e séries, viciada em internet e corujas. Mora no interior do Rio de Janeiro, mas não desiste de ganhar e mudar o mundo! |
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